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Especialistas avaliam o impacto da dissolução da SECADI

Ministro da Educação de Jair Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodríguez, dissolve Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI).  Saiba o impacto disso.

Ministro da Educação Ricardo Vélez e Secretario de Modalidades Especializadas Bernardo de Araújo em em cerimônia de transmissão de cargos do Ministério da Educação. Divulgação/MEC
Ministro da Educação, Ricardo Vélez, e Secretario de Modalidades Especializadas, Bernardo de Araújo, em cerimônia de transmissão de cargos do Ministério da Educação. Divulgação/MEC

Tão logo assumiu o Ministério da Educação (MEC), Ricardo Vélez Rodríguez – colombiano indicado por Olavo de Carvalho para o cargo de Ministro – extinguiu a Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE) e dissolveu a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI).

O órgão era responsável pelos programas, ações e políticas de Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação para as relações Étnico-Raciais e Educação em Direitos Humanos. Em seu lugar, foram criadas duas novas secretarias: a Secretaria de Alfabetização e a Secretaria de Modalidades Especializadas da Educação.

Procurada pela iniciativa De Olho nos Planos, a assessoria de imprensa do MEC informou estar em ritmo mais lento devido ao período de transição de gestão. Por isto, não soube esclarecer quais ações, programas e políticas da antiga SECADI serão mantidos pelas duas novas secretarias, quais serão modificados e quais serão extintos.

Para compreender o cenário de cada uma das modalidades, os avanços obtidos nos últimos anos e os principais desafios a serem enfrentados, o De Olho entrevistou uma série de especialistas.

Confira o resultado:

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

| Principais ações

Em conversa com o De Olho, Analise da Silva, professora do departamento de Métodos e Técnicas da Educação da Faculdade Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conta que a SECADI foi criada em 2004 por demanda de movimentos sociais. O órgão era o responsável por todas as ações de Educação de Jovens e Adultos no país.

“É complicado dizer qual política ela executava. Porque para nós, dos Fóruns EJA, política, no sentido da palavra,  não é um projeto, um programa ou uma ação. É uma coisa que é pública, que é do Estado e que tem continuidade. Nessa perspectiva, não executava política nenhuma. Essa é uma crítica nossa há décadas. Mesmo assim, todas as ações que envolvem os 88 milhões de sujeitos da EJA no país eram desenvolvidas pela SECADI”, constata.  A fala revela um obstáculo para a melhoria da qualidade educacional no Brasil: a descontinuidade das políticas públicas. O Plano Nacional de Educação (PNE) é uma tentativa de reverter este cenário. Com sua periodicidade decenal, com metas e estratégias à longo prazo, ele desponta como uma política de Estado, 

Entre as ações e programas desenvolvidos nos últimos anos pela Secretaria especificamente direcionados à EJA, ela cita o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), o Programa Nacional do Livro Didático para Alfabetização de Jovens e Adultos (PNLD EJA), o Educação em Prisões, a Medalha Paulo Freire e o Literatura para Todos.

Além desses programas, a professora chama atenção para a intersecção de todas as outras modalidades de responsabilidade da SECADI com a Educação de Jovens e Adultos. “Não dá para falar de política para pessoas com deficiência sem discutir a Educação de Jovens e Adultos. Não tem como discutir Educação do Campo, Educação Indígena, educação para as relações étnico-raciais sem discutir Educação de Jovens e Adultos. Porque uma parte significativa dos sujeitos da EJA são indígenas, do campo, negros, mulheres. Da mesma forma não tem como falar em Educação em Direitos Humanos e Cidadania sem discutir a questão da Educação de Jovens e Adultos, uma vez que a grande maioria dos jovens que estão hoje na EJA são jovens e foram crianças que não tiveram acompanhamento de frequência escolar e isso, por exemplo, era fundamental para a educação de qualidade social que a EJA exige e que vinha do programa bolsa-família”, explica.

| O que se espera da nova Secretaria

Perguntada sobre quais seriam as expectativas sobre a nova Secretaria e quais deveriam ser suas prioridades, a professora destaca a importância do cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE). “É implementar a Meta 8, a Meta 9 e a Meta 10”, sustenta.

A Meta 8 do PNE trata da elevação da escolaridade média da população de 18 a 29 anos e de igualar a escolaridade média entre negros e não negros no país. A Meta 9  determina o percentual mínimo de elevação da taxa de alfabetização da população jovem e adulta. Já a Meta 10 prevê a oferta de matrículas da EJA no Ensino Fundamental e no Ensino Médio integradas à Educação Profissional.

“Hoje, nós temos aproximadamente 14 milhões de brasileiros e brasileiras que não são alfabetizados. É preciso dar conta de superar esse desafio. É preciso diminuir a taxa de analfabetismo funcional. É preciso dar conta de trabalhar a EJA de maneira integrada com a educação profissional. Então o que essa Secretaria de Modalidades Especializadas precisa fazer para executar o que a SECADI cumpria é implementar as metas 8, 9 e 10 do PNE”, defende.

Analise enfatiza que, para que essas metas sejam cumpridas, é importante que haja financiamento adequado para a educação. “Para conseguir fazer isso, ela tem que defender a imediata revogação da Emenda Constitucional 95 (EC95). Ou nos dizer como cumpriremos o PNE sem revogar a EC95/2016. Não tem como uma Secretaria responsável pela EJA no país se propor a fazer algo que seja garantia de direitos da EJA, se ela não se contrapuser à EC95. Enquanto esta emenda constitucional estiver em vigor, não temos como implementar as metas do PNE. Para a EJA, o PNE é fundamental. É uma dívida histórica e social enorme, que, para ser solucionada, precisa de investimento e verba pública nessa modalidade”, conclui.


EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA

| Principais Ações

Entre as principais ações desempenhadas pela SECADI, Jozileia Jagso, antropóloga e indígena Kaigang, destaca  a realização das Conferências Nacionais de Educação Escolar Indígena (CONEEIs). Conquistas do movimento, as conferências são instâncias participativas de tomada de decisão. São compostas de plenárias, cujos resultados sistematizados compõem um documento final de orientação ao Ministério da Educação. O fomento – tanto técnico, quanto financeiro – a essas conferências era realizado pela SECADI.

“Quando se tem uma conferência com diversas vozes, há a intenção de contemplar diferentes realidades. Um dos erros ocorre bastante é se pensar que a Educação Escolar Indígena tem que ser igual para todos os povos. E não é. A realidade de alguns povos é muito distinta da realidade de outros. Por isso, as conferências foram bem importantes. Nelas, as comunidades puderam falar e professores indígenas puderam pautar suas demandas”, relata.

Joziléia também avalia positivamente o fato da SECADI ter tido, em seu corpo técnico, vários profissionais indígenas, como Gersem Baniwa, Rosa Alva, Rita Potiguara e Lucia Alberta. A presença dessas lideranças permitiu que a secretaria se mantivesse alinhada com as demandas de diferentes povos.

Além das conferências, a Secretaria era também responsável pelo Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas (PROLIND).  Destinado à formação de professoras(es) para escolas indígenas, o programa foi instituído em 2005 e, desde lá, tem dado apoio financeiro para que universidades criem e mantenham cursos superiores na área.

“As licenciaturas têm um papel de extrema importância. Tanto de formar professores indígenas que estão em atuação e que não têm Ensino Superior, quanto de formar profissionais indígenas que queiram atuar como professores”, conta.

Apesar de um grande avanço, uma dificuldade frequente dos cursos atrelados ao PROLIND é a perenidade de financiamento. Como a liberação de fluxos financeiros pelo programa não tem periodicidade fixa, a abertura de novas turmas nas universidades fica condicionada à publicação de editais. Em virtude disto, a maior parte dos cursos de Licenciatura Intercultural do país está fora da matriz orçamentária anual das universidades. Sua continuidade depende da manutenção do repasse de recursos pela nova secretaria.

“O corte de recursos que vai haver nas universidades vai fazer com que elas tenham dificuldade de manter o que têm. Neste contexto, os cursos que vem através de projetos, fomentados com outros recursos, ficam praticamente inviáveis, porque não tem professores concursados para eles”, lamenta.

| O que se espera da nova Secretaria 

Questionada sobre o que seria central nos trabalhos da SECADI e que deveria ser mantido pela nova Secretaria, Jozileia enfatizou a importância da manutenção dos recursos para a área.

Jozileia Jagso, antropóloga e indígena Kaigang

“Eu vejo muito discurso, mas a gente não percebe realmente um movimento para efetivar a ação. Efetivar a ação requer recurso. Acho que a primeira necessidade é manter os recursos para essas áreas, projetos e programas. Outra coisa é manter os recursos das universidades federais. Nos governos anteriores, os recursos destinados às universidades federais não estavam dando conta de sustentar alguns programas como era o caso das licenciaturas interculturais. Imagine agora, com corte nas universidades. Como a universidade vai fazer essa mágica de fomentar programas para as Licenciaturas Interculturais Indígenas sendo que vai ter recortes de verba?” Então acho que a primeira coisa é manter os recursos”, defende.

Além do financiamento dos cursos superiores e da produção de materiais didáticos,  Jozileia ressalta também a necessidade de conservar as bolsas de permanência das(os) estudantes indígenas.“Muitos estudantes indígenas só conseguem se deslocar das suas terras para a universidade, conseguem pagar um lugar para morar, conseguem pagar sua alimentação através de bolsa-permanência. Como ficam esses estudantes se a bolsa-permanência encerrar?”, questiona. “Tem uma nuvem pairando no ar para os povos indígenas e quilombolas. Nossos alunos têm medo de não ter mais esse recurso para poder sobreviver na universidade gente não sabe ainda qual vai ser o desenho, mas o medo já está instaurado”, completa.

EDUCAÇÃO DO CAMPO

| Principais Ações

Para Debora Monteiro do Amaral, coordenadora do curso de Licenciatura em Educação no campo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o principal papel da SECADI na área de educação no campo era a formação de professoras(es). A Secretaria era responsável pelo fomento a cursos de licenciatura e pela realização de cursos de aperfeiçoamento e especialização de docentes.

Também para os povos indígenas, a manutenção dos cursos superior de Educação do Campo é importante. Para Joziléia, o regime de alternância em que funcionam alguns desses cursos permite que docentes indígenas que já estão em exercício possam estudar sem abandonar seu magistério. “O curso da educação do campo contempla os povos indígenas também. Temos professores que atuam em sala de aula, então o regime de alternância para eles é válido. Ele consegue abarcar esse professor que dá aula na aldeia e precisa sair durante um período para fazer sua formação superior”, explica.

| O que se espera da nova Secretaria

Debora aponta um clima de incerteza a respeito da continuidade dos trabalhos da Secretaria na área, principalmente em relação à continuidade do financiamento das iniciativas.

Debora Monteiro do Amaral, coordenadora do curso de Licenciatura em Educação no campo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

“Estamos aguardando ainda para saber como vão ficar os projetos e cursos que estavam à princípio dentro da SECADI, recebiam apoio financeiro e de avaliação pedagógica. A gente não teve ainda nenhum retorno MEC a respeito”, relata.

“Nós temos conversado na universidade com estudantes, professores, que agora o momento é de atenção e resistência, a gente teve uma luta muito grande para ter a conquista, os movimentos sociais lutaram muito para que esse curso existisse e a gente vai continuar lutando para a permanência desse curso na universidade, finaliza.

EDUCAÇÃO ESPECIAL

| Principais ações

Para, Vera Lucia Capellini, docente do departamento de educação da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Bauru, a atuação da SECADI na área de Educação Especial envolvia várias frentes: de adaptação de escolas à formação continuada de docentes.

Neste espectro, uma ação de destaque era a Rede de Formação de Professores Para Educação Continuada na Perspectiva da Educação Inclusiva. “Era uma ação bastante importante, porque, os professores, para trabalhar com pessoas com deficiência, quando não tiveram na sua formação, tinham essa possibilidade de formação continuada. Ele estava muito mais efetivo até a Dilma. Depois, com o Temer, de modo geral, ficou parado. Mas a secretaria em si continuava, o programa existia e o Temer não excluiu”, relata.

A SECADI contava também com um programa de metas para a realização de adequações arquitetônicas para escolas que não eram acessíveis (como rampas e banheiros) e oferta de transporte adaptado. Outro eixo abrangia a implementação de salas de recursos multifuncionais. Além disto, a Secretaria fomentava pesquisas e apoiava projetos que trabalhavam com recursos e tecnologias para pessoas com deficiência visual e com deficiência auditiva, ações que iam desde a construção de material, ao desenvolvimento de softwares e equipamentos como computadores adaptados.

| O que se espera da nova Secretaria

“Nós não temos agora como avaliar o impacto da mudança para a área de Educação Especial. Porque na nova secretaria, essa população da Educação Especial, pelo menos nos termos de composição da estrutura da secretaria, está contemplada. Todavia, a gente fica preocupado, porque a SECADI veio lutando nos últimos anos de maneira muito forte para um movimento no país de uma escola inclusiva. Ou seja, de ter como matrícula inicial de qualquer aluno, com ou sem deficiência, a escola comum. Então a SECADI, em uma perspectiva de diversidade humana, estava muito atuante”, relata Vera.

Ela chama atenção para a importância de que o novo órgão mantenha como diretriz a promoção de programas e políticas que tenham em vista uma escola cada vez mais inclusiva, que respeite as diferenças e considere a singularidade humana. “Porém, se a gente não tiver o fortalecimento – como diretriz – de uma escola inclusiva, nós temos medo, como pesquisadores da área, que se possa ter um retrocesso. O que é um retrocesso? Ter como diretriz escolas especiais e classes especiais. Não que seja proibido, mas a gente tem que ter como meta classe comum, com direito ao suporte que essa população tem. Quando eu falo ‘escola especial, classe especial’, muda o foco. Nós pesquisadores estamos temerários que possa acontecer isso”, alerta.

Vera Lucia Capellini, docente do departamento de educação da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Bauru

“Por outro lado, se a nova secretaria garantir como princípio a inclusão, como princípio o respeito às diferenças, e como princípio que aluno com deficiência é responsabilidade pública e não da filantropia, que a porta de entrada é na escola comum, aí a gente pode avaliar daqui um tempo se o impacto foi positivo ou negativo ou se não teve impacto no sentido só da modificação do nome. A nossa preocupação maior é que seja preservado como princípio que a escola é laica, é inclusiva, que ela deve fornecer condições para que os professores desenvolvam o seu trabalho. Tanto com políticas de formação continuada, quanto de valorização da carreira. Que esses professores possam aprender cada vez mais a trabalhar com toda a heterogeneidade que tem dentro de uma sala de aula”, completa.

A avaliação de Maria Teresa Mantoan, professora  da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e uma das redatoras da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, do impacto da dissolução da SECADI e do que é importante ser efetuado pelo novo órgão é próxima da de Debora. “O que importa é o seguinte: a educação tem que ser oferecida a todas(os) e não pode ser categorizada como ‘todas(os) que têm essa característica’, mas todas(os) de fato, em suas diferenças. Então o fato de ser suprimida a SECADI  em si acho que não é tão grave quanto o fato de não se levar em conta que a Educação Inclusiva não é uma prerrogativa de um grupo ou de vários grupos”, afirma.

Na defesa de Mantoan, o mais importante a se atentar não é que órgão será responsável pela Educação Especial, mas, seja qual for ele, que se mantenha a perspectiva inclusiva nas ações.

Maria Teresa Mantoan, professora  da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e uma das redatoras da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

“Acentuar um grupo como um grupo que precisa ser tratado à parte não é educação inclusiva! Veja, existiu uma SECADI que propôs uma Educação Especial excludente -volta de escolas e classes especiais. A Política Nacional de Educação Especial, a gente não precisa de uma secretaria específica para ela, mas de alguém que conheça muito bem o teor dessa política e possa, cada vez mais, fortalecê-la, fazê-la presente, seja na Educação Básica ou no Ensino Superior”, explica.

Entre as ações da SECADI que deveriam ser mantidas pela nova secretaria, Mantoan destaca as formações de professores, tanto para atuar no Atendimento Educacional Especializado (AEE), quanto para compreender o que é inclusão no sentido amplo. “O AEE é direcionado para a Educação Especial, para que se possa dar atendimento às barreiras do meio escolar que estão no desenvolvimento da escolarização desse aluno. Não considerando as deficiências dele, mas as barreiras que ele encontra nesse meio, quais são os obstáculos e o que o meio apresenta desfavorecendo o desenvolvimento dessa pessoa”, esclarece.

“Educamos as pessoas para que possam, nas suas diferenças, serem cidadãos. Se não, não estamos falando em uma educação democrática. Educação democrática não é aquela que a gente ensina e deve prevalecer o interesse da maioria, educação democrática é aquela em que cada indivíduo se sente parte de um conjunto e trabalha em função de um bem maior e é livre para colocar seu ponto de vista, sua opinião, e é respeitado naquilo que propõe. Depende de povoar o espírito de todas(os) educadoras(es), especialmente daquelas(es) que estão em altos cargos, para que ela não seja confundida apenas com a inserção de pessoas com deficiência na escola comum.  E, nesse sentido, tudo o que a gente puder fazer, principalmente para não fixar identidade em criança nenhuma é o que melhor a gente pode fazer para entender o outro segundo o que ele é”, completa.

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

| Principais Ações

Para Toni Reis, secretário de Educação da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Trasgêneros (ABGLT), a SECADI teve um papel importante no estabelecimento do Pacto Universitários pelos Direitos Humanos, Diversidade e Paz. O Pacto completou dois anos em novembro de 2018 e, desde seu lançamento, teve adesão de 343 Instituições de Educação Superior (IES), entre universidades, centros universitários, institutos federais e faculdades. O Pacto está entre as ações relativas a Educação em Direitos Humanos desenvolvidas pela SECADI em articulação com Ministério de Direitos Humanos, e visa a superação de preconceitos, a eliminação de atitudes discriminatórias no ambiente escolar e universitário e a construção de uma cultura de paz e da valorização da diversidade. “Precisamos também trabalhar na formação inicial de professores e professoras para que quando saiam saiam preparados para trabalhar os assuntos da diversidade e dos direitos humanos”, defende Toni.

Histórico

Mesmo antes de sua dissolução, a SECADI já vinha, há alguns anos, enfrentando um processo de desmonte. Em junho de 2016, quando Michel Temer (MDB) ocupava interinamente o cargo de Presidente da República, 23 pessoas foram exoneradas do órgão. Entre elas, estavam chefes, coordenadoras(es) de áreas e técnicas(os). Vale lembrar que no mesmo ano, em maio, havia sido extinto o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos. Tanto a exoneração em massa da SECADI, quanto a extinção do Ministério, foram avaliados por especialistas e organizações de defesa de direitos humanos como retrocessos para a superação de desigualdades historicamente estabelecidas no Brasil.

Criada em 2004 pelo Decreto 5.159/2004, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e a gestão de Tarso Genro na educação, a então Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) era responsável por dar atenção especializada às modalidades de Educação Escolar Indígena, Educação do Campo, Educação para as Comunidades Remanescentes de Quilombos, Educação para a População Prisional e Educação de Jovens e Adultos. Além disso, ela contava também com programas de educação para a diversidade étnico-racial e valorização da história e cultura afro-brasileira, educação ambiental e em direitos humanos.

Denise Carreira

“A SECAD nasce em 2004 como fruto da pressão dos movimentos sociais, que buscavam influenciar a política educacional, buscando que ela reconhecesse as discriminações, desigualdades, racismos, sexismos, que sempre foram bastante silenciados na política educacional e no debate sobre qualidade educacional. E nasce com o desafio de transversalizar várias das agendas, justamente agendas não reconhecidas no conjunto da política educacional”, explica Denise Carreira.

Com o propósito de diminuir as desigualdades em educação e promover programas a populações historicamente discriminadas, a Secretaria permitiu que se desse maior apoio institucional e visibilidade política a essas modalidades. Entre suas atribuições, estava a formação inicial e continuada de professoras(es) e o apoio ao desenvolvimento de materiais didáticos e pedagógicos adequados às exigências de cada modalidade. A secretaria também acompanhava e monitorava a assiduidade e o desempenho escolar dos beneficiários do Programa Bolsa Família, cujo auxílio de renda era condicionado à frequência escolar.  Em maio de 2011, via decreto, acrescentou-se o eixo “inclusão” à SECAD, introduzindo em seu leque de ações as atribuições antes alocadas na Secretaria de Educação Especial (SEESP). Assim, a SECAD torna-se SECADI.

“A SECADI também teve um papel muito importante em articular o MEC com outros ministérios. Então a SECADI foi a grande porta para a intersetorialidade dentro do MEC, no sentido que para a gente avançar na garantia do direito à educação de qualidade, nós temos que pensar de forma intersetorial, temos que pensar a articulação com outras políticas sociais”, finaliza.

Reportagem: Júlia Daher
Edição:  Claudia Bandeira

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Cortejo do Bloco Afro Ilú Oba de Min traz PNE em manifesto

Lido por Conceição Evaristo em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, manifesto do Bloco Afro Ilú Oba de Min faz referência à presença negra no Plano Nacional de Educação (PNE)

Divulgação/ Fridas Comunica e Fotografia
Conceição Evaristo lendo manifesto do bloco Ilú Oba de Min
Divulgação/ Fridas Comunica e Fotografa

“O nosso Grito se transformou num canto
Um canto pela liberdade nos quilombos, campos, aldeias de irmãos Indígenas e cidades
Um canto pelo ser, existir, construir e se ver,
Se ver no Plano Nacional de Educação,
No de Saúde, Habitação, Segurança Social, Mobilidade, Meio Ambiente,…”

Assim ecoou a voz da escritora Conceição Evaristo na sexta-feira (1) em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. No carnaval paulista, o Bloco Afro Ilú Oba de Min é o primeiro a desfilar nas ruas. Neste ano, com uma bateria de 450 mulheres, o cortejo homenageou a fundação, há 40 anos, do Movimento Negro Unificado (MNU). Além de Conceição Evaristo, também estiveram presentes outras personalidades importantes da luta antirracista no Brasil, como Jupiara Catro, Cuti, José Adão, Maria Sylvia e Erica Malunguinho.

“A gente quis relembrar as nossas conquistas. A ideia era remontar, reescrever e trazer para a nossa contemporaneidade, para o momento político que gente está vivendo, a luta e as conquistas do movimento negro. Por isso o convite de personalidades importantes do MNU que estiveram com a gente”, conta Michele Dayane, integrante do bloco.

Com o tema “Negras vozes: o tempo de Alakan”, o cortejo saiu da Praça da República encerrou seu trajeto em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. “Alakan é uma palavra em Iorubá que significa aliança. A gente quis retomar um pouco da campanha que veio no final do ano passado – Ninguém solta a mão de ninguém -, porque a gente sabia que, para este novo momento, não podia deixar que todas as nossas intersecções nos afastassem das nossas metas”, explica.

“Então acho que é o momento de todos os movimentos se unirem, porque o nosso objetivo é um só, que é lutar contra o retrocesso. Por isso retomar as alianças, retomar nossas conquistas históricas e nos fortalecer. Não esquecer que nenhum passo vai ser dado para trás. Reescrever a carta do MNU trazendo os desafios do que a gente quer alcançar é não perder nossa memória, nossa estima e todos os passos que a gente já deu. Para este momento de retrocesso, é importante a gente estar junto”, conclui.

Assista a leitura do manifesto:

Leia o manifesto completo:

Manifesto Ilú Oba de Min 2019 MNU José Adão Conceição Evaristo


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Quem é quem no Ministério da Educação (MEC) de Jair Bolsonaro

Conheça a trajetória do novo Ministro e de seus Secretários e saiba o que esperar do Ministério da Educação (MEC) de Jair Bolsonaro.

Ministério da Educação (MEC) de Jair Bolsonaro
Divulgação/MEC

Durante a cerimônia de transmissão de cargo do Ministério da Educação (MEC), ocorrida no dia 2 de janeiro deste ano, o novo Ministro, Ricardo Vélez Rodríguez, apresentou os nomes que irão compor as secretarias do órgão.

Das sete secretarias existentes, apenas uma será ocupada por uma mulher. O desequilíbrio de representação da gestão contrasta com a distribuição populacional graduada na área da educação: 9 em cada 10  pessoas formadas em pedagogia são mulheres. Elas também ocupam um percentual de 83% dos cargos de docência na Educação Básica. Além da disparidade de gênero,  a quase totalidade dos cargos é ocupada por pessoas brancas.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, entre os secretários, há indicados de militares, ex-alunos de Veléz e integrantes do Centro Paula Souza (órgão responsável Ensino Técnico do Estado de São Paulo). Técnicos de carreira da pasta e participantes do grupo de transição temem que os novos escolhidos para as secretarias tenham dificuldades em manter as ações antes desenvolvidas pelo Ministério em função de suas trajetórias distantes do campo educacional e da inexperiência em gestão.

Além das mudanças dos titulares das pastas, houve alterações na própria estrutura do Ministério. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) foi dissolvida. Ela era responsável pelas políticas de Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação em Direitos Humanos. Em seu lugar, foram criadas duas pastas: a Secretaria de Alfabetização e a Secretaria de Modalidades Especializadas.

A Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE), responsável por prestar assistência técnica para o monitoramento dos planos de educação, a articulação do Sistema Nacional de Educação (SNE) e a implementação do Piso Salarial Nacional também foi extinta.

Houve também a criação de um novo subórgão, interno à Secretaria de Educação Básica (SEB): a Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico Militares. Polêmica, a militarização das escolas foi pilar da campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República. e já está em processo de implementação em vários municípios do Brasil.

Conheça os perfis dos indicados e saiba o que esperar da nova equipe:

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Reportagem: Júlia Daher
Infografia: Júlia Daher
Edição:  Claudia Bandeira

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Estudantes e professoras(es) são impedidas(os) de falar em audiência com Ministro

Evento teve como objetivo escutar as diretrizes prioritárias do Ministro da Educação, Ricardo Vélez, para 2019. Apenas senadoras(es) puderam intervir e apresentar dúvidas. 

Audiência Pública MEC 2019 Vélez Divulgação-Humberto Costa
Divulgação/ Humberto Costa

Em audiência pública realizada no Senado Federal nesta terça-feira, 26, que tinha como objetivo apresentar as diretrizes prioritárias do Ministério da Educação para 2019, estudantes e professores(as) foram impedidos de falar.

“A imprensa e os ocupantes do final do plenário estão atrapalhando a nossa reunião. Eu avisei no início e estabeleci as regras. Cumpram-se as regras: não será permitido manifestação nesta reunião. Se as pessoas não respeitarem esse quesito, eu serei obrigado a pedir que os senhores e as senhoras possam se retirar”, alegou o senador responsável pela sessão, Mario Berger (MDB).

Durante o tumulto, a senadora Daniella Ribeiro (PP) interviu, ressaltando a importância de que o público colocasse suas perguntas. Ela foi interrompida por Berger: “Essa é uma audiência pública. Quem tem a palavra, única e exclusivamente, são os os senhores senadores. Abrimos um pequeno precedente para o presidente da comissão de educação da Câmara dos Deputados. Mas não é permitida a participação de qualquer outra pessoa que não seja senador”. Ainda tentando se colocar, Daniella sugeriu que, se fosse de acordo das(os) senadoras(es) presentes, houvesse participação de voz ao público, mas foi novamente interrompida.

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A senadora Eliziane Gama (PPS) também tentou defender as colocações do público.  “Queria registrar que não está havendo uma manifestação com barulho que impeça o transcorrer da audiência. O que estou ouvindo são só os flashes das câmeras fotográficas. Não há porque pedir a retirada de manifestantes, estão na mais tranquila e absoluta paz”, defendeu. Foi sucedida então por mais uma intervenção de Berger: “Não vamos inflar essas questões”, advogou.

Foi então a vez da senadora Zenaide Maia (PROS) argumentar: “A representação dos estudantes e dos professores, é importante. Acho que quando se diz audiência pública não é só para os parlamentares. Vamos ouvir.  Como falou a Eliziane, eles não estão incomodando. É como se tivesse uma audiência pública do interesse de nós, senadores, e a gente não pudesse entrar”.

Mesmo com as defesas das senadoras, a audiência seguiu sem que estudantes e professoras(es) pudessem se colocar.

Assista a audiência completa:

Reportagem: Júlia Daher
Revisão: Claudia Bandeira

Saiba mais:

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Ministro da Educação apresenta diretrizes para 2019

Alfabetização, BNCC, Fundeb, Reforma do Ensino Médio, militarização das escolas, Educação Especial e formação de professoras(es) foram temas abordados pelo Ministro da Educação, Ricardo Vélez. Professoras(es) e estudantes foram impedidas(os) de se colocar.

Ministro da Educação Ricardo Vélez em Audiência Pública no Senado Federal
Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, em audiência Pública no Senado Federal

Em audiência pública realizada nesta terça-feira, 26, no Senado Federal, o novo Ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodriguez, apresentou 7 diretrizes para o ano de 2019. Durante a audiência, estudantes e professores(as) foram impedidas(os) de falar.

Veja os pontos expostos:


1. Política Nacional de Alfabetização

“Precisamos inverter a pirâmide da educação. Hoje, o Ensino Superior tem precedência orçamentária sobre a Educação Básica. Isso precisa mudar”, defendeu o Ministro no primeiro ponto de sua exposição. Para isto, apresentou o que categorizou como sua meta prioritária nos 100 primeiros dias de governo: a Política Nacional de Alfabetização, a ser executada pela recém criada Secretaria de Alfabetização.

Como alicerce, citou o relatório “Alfabetização Infantil: os Novos Caminhos”, publicado pela Comissão de Cultura da Câmara em 2003 e atualizado em 2007. Segundo ele, a principal conclusão do relatório é que as políticas e práticas de alfabetização não têm acompanhado os debates científicos e metodológicos das últimas décadas do século XX. Em função disto, inverter este cenário será o pilar da nova secretaria.

Vélez mencionou também o documento “Aprendizagem Infantil, uma Abordagem da Neurociência, Economia e Psicologia Cognitiva”, publicado em 2011 pela Academia Brasileira de Ciência. O relatório elenca países que modificaram as políticas públicas de alfabetização e obtiveram um progresso significativo na aprendizagem da leitura e da escrita. Entre eles, estão Finlândia, França, Inglaterra, Estados Unidos, Austrália e Israel. “Não queremos reinventar a roda, vamos ter humildade e fazer o que o mundo está fazendo com sucesso”, propôs.

Por fim, mencionou o Guia Interamericano de Estratégias de Redução de Desigualdade Educativa da Organização dos Estados Americanos (OEA), de 2018, cujas recomendações  estão sendo incorporadas na Política Nacional de Alfabetização. São elas:

  • Compreender o princípio alfabético;
  • Aprender as correspondências entre grafemas e fonemas;
  • Segmentar sequências ortográficas de palavras escritas em grafemas;
  • Segmentar sequências fonológicas de palavras faladas em fonemas;
  • Usar regras de correspondência grafema-fonema para decodificar a informação.

Procurado pelo De Olho para avaliar as diretrizes, o educador, economista e coordenador da Ação Educativa, Sergio Haddad, chama atenção para o fato do Ministro não mencionar que o que justifica a maior aplicação dos recursos do MEC no Ensino Superior é a divisão de responsabilidades das etapas educacionais entre os entes federativos.

“O Ministro não menciona que a responsabilidade do MEC é com Ensino Superior, por isto, a maior aplicação dos seus recursos. São os estados e principalmente os municípios que se responsabilizam pela alfabetização e investem seus recursos neste campo. Esta dicotomia entre apoiar o Ensino Superior ou a Educação Infantil não faz sentido, pois, para se ter uma boa alfabetização, é necessário ter um bom Ensino Superior para formar os professores”, explica.

Ele também chama atenção para o esquecimento do público da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na apresentação das prioridades.

“Uma Política Nacional de Alfabetização é importante, mas, infelizmente, o ministro não considera nesta política o elevado contingente de jovens e adultos acima de 14 anos que não sabem ler e escrever, menciona apenas as crianças”, observa.

Vale destacar que a Educação de Jovens e adultos está prevista na Meta 9 do Plano Nacional de Educação (PNE), cuja execução está atrasada. Sergio lembra também do fechamento da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), responsável, entre outras coisas pelas políticas de EJA. “Inclusive, o MEC fechou a secretaria encarregada de atuar com esta modalidade de ensino. Uma lástima!”

2. Base Nacional Comum Curricular

“A BNCC é um documento extenso, fruto de muita discussão e trabalho. Mas palavras impressas no papel não bastam para que o ensino tenha real qualidade. Na sala de aula, a Base precisa ser compreendida e complementada pelas contribuições das redes estaduais e municipais. Desde já convido a todos gestores e professores a tornar esse documento vivo, o que significa criticá-lo, adaptá-lo e compreendê-lo”, informou o ministro.

Neste sentido, informou que serão realizadas ainda neste ano uma formação de professores e a revisão dos projetos pedagógicos das escolas conforme os novos currículos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Para o Ensino Médio, comunicou que a elaboração dos novos currículos alinhados à própria BNCC e aos referenciais paras os itinerários formativos também estão previstos para este ano.

A BNCC tem sido alvo de intensas críticas nos últimos dois anos.  Apesar de ter havido períodos de envio de contribuições para o documento e algumas audiências públicas, o processo foi criticado por organizações da sociedade civil, sindicatos e representações acadêmicas por ser muito verticalizado e apresentar uma concepção reducionista de direito à educação. A própria ideia de centralização e homogeneização curricular é também controversa.

Outro ponto de conflito é o respeito à diversidade. Com a justificativa de que a temática de gênero provocara muita disputa – tanto na tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE), quanto da BNCC – o MEC suprimiu os termos “gênero” e “orientação sexual” do documento. O Conselho Nacional de Educação (CNE), por sua vez, acatou a sugestão do MEC e prometeu soltar, posteriormente, um documento orientações sobre o tema: até hoje não publicado.

3. Educação Básica

O Ministro anunciou que haverá uma rediscussão do formato do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) com integrantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED).

O fundo vigente vence em 2020 e novo formato ainda está em disputa. No Congresso, duas propostas foram apresentadas. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 15/2015, da Câmara dos Deputados, aguarda a apreciação do plenário. Já a PEC 24/2017, do Senado Federal, está arquivada devido ao final de mandato e aguarda desarquivamento.

Segundo a Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, para a implementação do Custo-Aluno-Qualidade-Inicial (CAQi) e do Custo-Aluno-Qualidade, mecanismos de financiamento determinados pelas estratégias da Meta 20 do Plano Nacional de Educação, é necessário que a complementação da União ao fundo seja de no mínimo 50%. Atualmente, cumpre-se o mínimo constitucional, que é de 10%.

4. Novo Ensino Médio

Quanto ao Ensino Médio, o Ministro frisou que é preciso “torná-lo mais atrativo aos jovens, aproximando-o das realidades práticas do trabalho, mas um trabalho que supere lógicas fordistas”.

Neste sentido, disse que a implementação da reforma dará atenção especial ao quinto itinerário formativo, o do Ensino Técnico. “Hoje é para o empreendedorismo, para a criatividade, que temos que formar os jovens. O 5º eixo formativo do novo Ensino Médio é estratégico para isto. Uma educação tecnológica robusta é o que marca as economias mais avançadas atualmente”, justificou.

Para viabilizar essa mudança, indicou que a rede federal pode ser indutora de um ensino vocacionado para a produção de tecnologia, atendendo as demandas do setor produtivo e da sociedade.

O psicólogo e supervisor da área de juventude da Ação Educativa, Gabriel Di Pierro, avaliou a fala do ministro como muito estrita.

“Ele traz uma perspectiva instrumental da educação em função de uma suposta empregabilidade. Hoje, as redes não tem condições de realizar essa oferta, seja para trazer uma formação tecnológica, criativa, ou mesmo para garantir os diferentes itinerários formativos. Quantos cursos? Com qual qualidade? E se o estudante quiser buscar outros caminhos, terá oferta?”, questiona.

Gabriel explica também que a atratividade da etapa extrapola apenas sua aproximação com o mundo do trabalho. 

“Para tornar o Ensino Médio atrativo para a juventude estudante, não basta inserir o ensino profissionalizante, mas abrir diferentes possibilidades, entre as quais o Ensino Superior também está presente, assim como a oferta de atividades culturais, de saídas, de maior diálogo, condições físicas melhores, professores melhor preparados”, completa.

5. Escolas cívico-militares

Outra diretriz prioritária será a militarização das escolas. O Ministro divulgou a recém criada Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares, dentro do escopo da Secretaria de Educação Básica (SEB). No pronunciamento, destacou que a adesão ao programa é voluntária: cada ente federado poderá decidir se tem ou não interesse em militarizar seu ensino.

“O presidente Bolsonaro destacou o desejo de ver difundido o modelo de escola de alto nível com base nos padrões de ensino e gestão empregados nos colégios militares. Experiências em andamento em diversos estados brasileiros têm mostrado que a presença de militares no espaço escolar é algo bem-vindo e bem-visto pelas famílias. Os indicadores de aprendizagem melhoram e ocorre redução da criminalidade”, defendeu.

Na contramão desta argumentação, levantamento realizado pelos jornalistas Paulo Saldaña, Estelita Hass, Estêvão Gamba e Fábio Takashi e publicado no jornal Folha de São Paulo, questiona a ideia comum de que é a militarização a responsável pelo bom desempenho de Escolas Militares.

Cruzando as médias do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o perfil socioeconômico das famílias e o porte das escolas, a equipe demonstrou que Escolas Militares têm desempenho similar ao de unidades não militarizadas mas de perfil parecido. Isto é, o alto desempenho atribuído à militarização está mais ligado, na verdade, a fatores como o perfil socioeconômico das famílias, a existência de seleção e o valor financeiro investido por estudante.

6. Educação Especial

Resultado da extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), a nova Secretaria de Modalidades Especializadas da Educação foi destaque da fala do ministro.

Ele anunciou que o novo órgão possui duas diretorias voltadas para a Educação Especial: a Diretoria de Acessibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência e a Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos e que as subpastas serão responsáveis por dar continuidade e apoio à Política Nacional de Educação Especial. “Nosso mote é nenhum brasileiro para trás”, proclamou.

Na fala, entretanto, Veléz não mencionou outras políticas e ações que a Secretaria de Modalidades Especializadas da Educação deve assumir. Sendo um resultado de uma alteração na SECADI, é esperado que pasta se responsabilize não apenas pela Educação Especial, como também pela Educação de Jovens e Adultos, a Educação do Campo, a Educação Escolar Indígena, a Educação Escolar Quilombola, a Educação para as Relações Étnico-Raciais e a Educação em Direitos Humanos. Todavia, nada sobre essas áreas foi até agora proferido pelo ministro

Procurada pela iniciativa De Olho nos Planos, a assessoria de imprensa do MEC informou que as atividades do órgão estão em ritmo mais lento que o comum devido ao período de transição de gestão. Por isto, não soube informar como serão conduzidas as políticas e ações para estas modalidades.

7. Formação de Professoras(es)

“Como professor, sei dos desafios e dos aspectos inglórios da nossa profissão”, apregoou Vélez. Por isto, destacou como questão urgente promover medidas que assegurem a disciplina dentro das escolas.

Valorização do professor vai além do salário. O que os professores querem hoje? Trabalhar em um ambiente salubre e ver seus alunos aprenderem. Também querem ter oportunidades de aperfeiçoamento profissional. Vamos investir na educação continuada de professores, cabendo à CAPES esse processo”, assegurou.

Atualmente, a docência encontra-se entre as profissões mais desvalorizadas para pessoas com Ensino Superior. Muito inferior ao de profissionais de outras áreas com o mesmo nível de formação, o piso salarial do Magistério é atualmente de R$2.557,74.  Segundo levantamento do MEC de 2017, 45% sequer pagavam o piso. Mesmo com um cenário tão alarmante, o cumprimento do piso não foi um ponto abordado na fala.

A assistência técnica para a implementação do Piso Salarial Nacional era uma responsabilidade da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE), extinta por Veléz em 2 de janeiro.

 

Polêmicas

Findo o discurso de  apresentação das diretrizes, as(os) senadoras(es) apresentaram suas questões ao ministro. Entre tópicos, foram alvo de discussão polêmicas recentes derivadas de declarações do Veléz. Entre elas, constaram críticas ao pedido feito pelo órgão de que as escolas filmassem a leitura do slogan de Bolsonaro durante a execução do hino nacional com estudantes e docentes e a declaração de que as universidades deveriam ser apenas para uma elite intelectual.

 

Plano Nacional de Educação

Veléz foi também interrogado sobre o cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE). Solicitou-se que o ministro apontasse, entre as metas do documento, quais seriam as consideradas prioritárias pelo MEC e como se dariam os esforços políticos, financeiros e técnicos para o seu cumprimento. A pergunta, entretanto, não foi respondida.

Rumo ao 5º ano de vigência, o PNE encontra-se escanteado pelo governo federal. Balanço apresentado em julho do ano passado mostra que somente 30% dos dispositivos previstos para os quatro primeiros anos tiveram algum avanço e somente um foi cumprido integralmente, mas com atraso.

Além do desinteresse político, outro fato apontado como responsável pela não execução do PNE é o Teto de Gastos. O congelamento orçamentário de 20 anos definido pela Emenda Constitucional 95 (EC95) inviabiliza a execução da Meta 20 (que trata de financiamento) e tem um efeito cascata sobre as outras propostas do plano.

Questionado sobre a falta de recurso nos municípios para o aprimoramento do ensino, Veléz ignorou o cenário de corte federal e atribuiu aos secretários o problema. “Os secretários municipais fazem o serviço de preencher esse monte de formulários que precisam apresentar ao MEC para receber recursos. Por vezes, muitas vezes, esses documentos ficam pelo caminho, porque não foi preenchida corretamente a planilha Excel no computador”. Como solução, afirmou que o técnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) se deslocarão os municípios para dar suporte ao preenchimento de formulários e à produção de requerimentos.

 

Assista a audiência completa:

Reportagem: Júlia Daher
Edição:  Claudia Bandeira

Saiba mais:

– MEC extingue SASE, secretaria responsável por articular o PNE
– Municípios alteram metas e estratégias dos planos de educação
– Nova publicação traz textos de avaliação das metas do PNE
– 17 países pressionam o Brasil sobre a implementação do Plano Nacional de Educação
– “Não dá mais para fazer política sem ouvir estudantes”, afirma Claudia Bandeira

 

 

MEC extingue SASE, secretaria responsável por articular o PNE

Decreto extinguiu a Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE), órgão responsável por articular Plano Nacional de Educação. Saiba o impacto disso.

Ministro da Educação, Ricardo Vélez, durante solenidade de transmissão de cargo. Agência Brasil/Divulgação

Depois de assumir a presidência e nomear Ricardo Vélez Rodríguez como Ministro da Educação , Jair Bolsonaro (PSL) extinguiu a Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (SASE). O órgão era o principal responsável por prestar assistência técnica e dar apoio aos municípios no processo de monitoramento e avaliação dos planos de educação.

Para Claudia Bandeira, mestre em educação e assessora da iniciativa De Olho nos Planos, a medida evidencia o descaso do governo federal com os planos de educação. “Durante o período eleitoral, só 4 candidaturas à presidência citavam o PNE. A de Jair Bolsonaro não estava entre elas. Agora, com o desmonte da SASE, fica ainda mais clara a indiferença deste governo ao PNE, principal instrumento da política educacional do país”.

Histórico

A Secretaria foi criada em 2011 a partir de uma demanda apontada durante a Conferência Nacional de Educação (CONAE) 2010. Entre os pontos debatidos no evento, teve destaque a urgência da construção de um Sistema Nacional de Educação (SNE) que articulasse os diferentes entes federativos e níveis de ensino. Foi também esta conferência que aprovou as bases para a construção do atual Plano Nacional de Educação (PNE).

Na ocasião, foi solicitada ao Ministério da Educação (MEC) maior presença na articulação de diferentes atores sociais para a construção do SNE e a constituição de um sistema que pudesse dar suporte à construção e à implementação dos planos. Em resposta a essa demanda, foi criada a SASE.

Em parceria com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o órgão estruturou ao longo de 2014 uma rede de apoio técnico composta por avaliadores/as educacionais, supervisores/as e coordenadores/as estaduais, divididos por polos dentro de cada estado. Nesta primeira fase, o principal objetivo da Rede de Assistência Técnica era fomentar a construção dos planos e garantir que as metas fossem elaboradas em consonância com o documento nacional. Para isso, foram criadas comissões coordenadoras locais de suporte à elaboração e revisão dos planos.

“Nós iniciamos o trabalho orientando um conjunto de municípios na elaboração dos planos municipais de educação”, conta Rosilene Lagares, avaliadora educacional técnica do estado do Tocantins. Ela conta que a maioria dos planos municipais que acompanhava foram aprovados nas casas legislativas em 2015 e, depois disso, iniciou-se o processo de implementação das metas e estratégias. “Passamos do trabalho de assistência ao monitoramento e à avaliação desses planos municipais de educação”, relata.

“Nesse processo de assistência nós mantivemos contatos remotos, por e-mail, whatsapp, telefone, e também por meio de formações junto a técnicos dos municípios e participantes da sociedade em geral que compunham as equipes técnicas e as comissões coordenadoras. Então orientávamos sobre a importância dos planos, como fazer o monitoramento e a avaliação, a necessidade de fazer isso, mas, antes de tudo, de implementar os próprios planos”, reforça.

Continuidade incerta

Com a mudança de mandato do governo federal e a extinção da SASE, o rumo da rede fica incerto. “Até o presente momento não recebemos nenhuma comunicação oficial da parte do MEC sobre a nossa saída. Contudo, sabemos que a SASE foi extinta e as pessoas que trabalhavam nessa rede dentro do âmbito do MEC foram remanejadas ou foram demitidas”, conta Rosilene.

Procurada pela iniciativa De Olho nos Planos, a assessoria de imprensa do Ministério da Educação informou que as atividades do órgão estão em ritmo mais lento que o comum devido ao período de transição de gestão, e que, por isso, o destino dos programas e das ações das secretarias extintas ainda não estão definidos.

Pelo registrado no Decreto que extinguiu o órgão, as competências da Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino (Sase) foram alocadas na Secretaria de Educação Básica (SEB), ficando, portanto, a cargo da SEB a responsabilidade de monitorar o Plano Nacional de Educação (PNE) e articular o Sistema Nacional de Educação (SNE).

A decisão sobre a continuidade de existência da Rede de Assistência Técnica, bem como de seus membros, ainda terá que ser definida pelos gestores da SEB e não tem data prevista para acontecer.                     

Para Rosilene, apesar de alguns desafios enfrentados, a rede foi um passo importante na construção da política educacional e deveria ser mantida.

“A rede tem vários problemas por conta a dimensão territorial do país, mas ela foi um apoio para os municípios nesse processo de planejamento, então a continuidade dessa rede seria essencial para o desenvolvimento da educação”, avalia.

Além do suporte técnico, a SASE era também responsável pela manutenção de um portal: Planejamento a Próxima Década/ PNE em Movimento.  Na plataforma, é possível encontrar documentos orientadores, acessar um mapa de acompanhamento da situação dos planos nos estados e municípios, fazer download dos planos, consultar uma relação com nome, e-mail e telefone das/os coordenadoras/es estaduais da Rede e ler notícias sobre a temática dos planos. Apesar do portal seguir no ar, não há notícias ou fotos relativas ao ano de 2019.

Sistema Nacional de Educação

Pelo estabelecido no Artigo 13 do PNE, o SNE deveria ter sido instituído até a metade do ano de 2016. Há três anos em tramitação na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que estabelece as diretrizes e o funcionamento do Sistema foi objeto de audiências e debates públicos, mas ainda aguarda aprovação.

Segundo o balanço de quatro anos do Plano elaborado pela Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, a anexação de dois projetos de lei, o PLP 413/2014, de autoria de Ságuas Moraes (PT/MT), e o PLP15/2011, de Felipe Bornier (PHS/RJ), feita pelo deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) fez com que a articulação do Sistema avançasse consideravelmente. Entretanto, sua completa efetivação depende do cumprimento das estratégias de financiamento, que, devido ao Teto de Gastos (EC95) se encontram em atraso e sem previsão de execução.

(Des)valorização docente

Além do monitoramento dos planos e da articulação do Sistema Nacional de Educação, a SASE também era responsável pela assistência técnica para a implementação do Piso Salarial Nacional,  orientando os estados e municípios sobre como torná-lo viável em seus orçamentos.

Atualmente, a carreira de professor/a encontra-se entre as mais desvalorizadas para pessoas com Ensino Superior.  Muito inferior ao de profissionais de outras áreas com o mesmo nível de formação, o piso salarial do Magistério é atualmente de R$2.557,74.

Pela Meta 17 do PNE, até 2020, a média salarial da categoria deveria ser equiparada à de outras/os profissionais com o mesmo nível de formação. Para que isso aconteça, o reajuste deveria ser maior do que tem sido nos últimos anos (em 2019, foi de 4,17%). Além disto, seria necessário haver um esforço em torno do cumprimento do valor já estipulado. Segundo levantamento do MEC, em 2017, 45% dos municípios sequer pagavam o piso. Longe de alcançar a meta, o Brasil espera agora da SEB a definição do formato da assistência técnica para a implementação da lei.

A importância da rede

O acompanhamento de uma política de Estado, cuja duração ultrapassa o tempo de um governo, não deve ficar restrito às equipes gestoras da administração pública, mas ser feito em diálogo com toda a sociedade. Por isso, a formação de redes de capacitação técnica e a implementação de ações de estímulo à participação não pode ser abandonada pelo Ministério.

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“Além da participação de toda sociedade no monitoramento dos Planos de Educação, eles, por serem de território, devem levar em conta todo o atendimento educacional, da Educação Básica ao Ensino Superior, existente em um estado ou município. Por isso, ter uma rede de acompanhamento é importante também para mobilizar diferentes entes federados na implementação e monitoramento desses planos”, defende Claudia Bandeira, mestre em educação e assessora da iniciativa De Olho nos Planos.

“Diante desta conjuntura, é cada vez mais é importante que os municípios sejam a resistência e não deixem que o plano seja esquecido. Publicizar os resultados das conferências de educação e elaborar um plano de cumprimento das próximas metas, reforçando a importância e a relevância dessas políticas de Estado, pode ser uma estratégia para não deixar que os planos viram letra morta”, sugere.

Ela ressalta também a importância de se garantir a participação social nesses processos, que devem ser conduzidos não apenas pela Secretaria ou Conselho, mas por toda a comunidade escolar. “Vamos ampliar a roda para não deixar o plano morrer”.

Reportagem: Júlia Daher
Edição:  Claudia Bandeira

Saiba mais:

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