Coordenador do Plano de Educação de São Francisco do Oeste (RN) relata alternativas para município envolver o maior número de pessoas e não optar por consultoria externa
Utilizando a criatividade e as novas mídias, cidades da região de Pau de Ferros, no Rio Grande do Norte, trocam experiências sobre a construção ou revisão de seus Planos Municipais de Educação (PMEs). Em entrevista ao portal De Olho nos Planos, o coordenador do Plano de São Francisco do Oeste (RN), Paulo de Freitas, destacou a importância da comunicação entre os municípios que possuem realidades educacionais semelhantes. “Nós já conhecíamos algumas pessoas das outras cidades, mas o contato aumentou com a formação dada em nossa região pelos avaliadores educacionais da Sase [Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino, do Ministério da Educação] e após criarmos o grupo no aplicativo de mensagens Whatszap”, relatou.
Segundo o coordenador, que trabalha na Secretaria Municipal de Educação, representantes de cerca de 20 cidades fazem parte do grupo no aplicativo: “a interação pode nos ajudar porque temos situação educacional e metas parecidas e, com isso, compartilhamos uns com os outros fotos e relatos de nossas iniciativas”.
Com cerca de 4.200 habitantes, São Francisco do Oeste possui quatro escolas da rede municipal, que oferecem educação infantil e educação de jovens e adultos (duas urbanas e duas escolas do campo), e uma escola da rede estadual que oferece ensino fundamental e médio.
Apesar de o município possuir um índice de analfabetismo maior do que as cidades da região, Paulo afirmou que o apoio dos avaliadores educacionais e a maior interação entre os responsáveis pelos Planos de Educação possibilitaram que não dependessem de consultorias externas para a construção de seus Planos de Educação.
Como documento orientador da educação na cidade nos próximos dez anos, segundo Paulo, o Plano deve contribuir para a superação de desafios como o combate ao analfabetismo da população, a universalização da educação infantil e o aumento do financiamento educacional. “Temos cerca de 1.400 pessoas acima dos 18 anos que não são alfabetizadas. E, além de buscarmos fortalecer a Educação de Jovens e Adultos de maneira geral, esperamos aumentar o financiamento, que em 2013 foi de 27% dos recursos para a educação, para 35% até o final do Plano”, defendeu o coordenador, afirmando que esta ampliação contribuirá para que o município garanta o piso salarial a seus professores.
Consultoria externa
Ao valorizar o conhecimento das pessoas de seu próprio município e após experiência frustada com o Plano de Educação anterior, Paulo defendeu alternativas para que as secretaria não optem pela contratação de consultorias externas. “Antigamente, uma consultoria externa entregava tudo pronto e tínhamos um documento sem conexão com nossa realidade educacional, com metas que não eram possíveis de se realizar ou até mesmo que já tínhamos alcançado”, exemplificou.
Para o coordenador do Plano, a participação da maior quantidade de setores da sociedade foi a alternativa encontrada para a grande demanda de trabalho e a equipe reduzida da secretaria de educação. “A gente visitou as pessoas e contamos com o auxílio do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais. Mesmo não tendo representação no grupo técnico, o sindicato está acompanhando todas as fases do Plano e contribuindo com a gestão educacional do município”, afirmou.
O Plano de São Francisco
Após o vencimento de seu último Plano de Educação em 2013, São Francisco do Oeste realizou um minicenso para a construção do diagnóstico educacional do novo PME. “Para o novo Plano, que tem duração de 2015 a 2024, a primeira coisa que fizemos foi uma pesquisa nas escolas da cidade e com a população. Em um segundo momento, criamos uma comissão com representantes de diferentes setores da cidade, com estudantes, mães, pais, sindicato, secretaria de educação, secretaria de finanças e câmara de vereadores”, enumerou o coordenador.
Após a comissão levantar propostas para a educação do município nos próximos dez anos, um grupo técnico da Secretaria Municipal de Educação realizou a sistematização das metas e estratégias do Plano e redigiu uma primeira proposta para o documento. “Tudo o que nós fazemos enviamos para os integrantes da comissão representativa que avaliam de acordo o segmento que fazem parte”, relatou Paulo. E complementou: “após os segmentos terminarem esta análise, o grupo técnico vai organizar o documento para podermos levar à Conferência Municipal de Educação. Para este momento, nossa proposta é contar com a participação de toda a sociedade na Conferência que será realizada em um dia em que não vai haver aula nas redes estadual e municipal de ensino”.
Imagens:
1 – Grupo em aplicativo de mensagens utilizado por municípios da região de Pau dos Ferros (RN) / Divulgação
2 – Reunião de grupo técnico do Plano de Educação de São Francisco do Oeste (RN)
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Reportagem – Gabriel Maia Salgado
Edição – Ananda Grinkraut
Bom dia,
Fico feliz em ter participado dessa construção como avaliador educacional responsável pelo polo 07 (Pau dos Ferros/RN) e também me coloco a disposição para qualquer esclarecimento sobre a experiência.
Boa tarde, Professor João,
Coordenamos o trabalho da rede de assistência técnica da elaboração e realinhamento dos planos de educação no RN. E estamos a disposição para discorrer sobre esta importante atividade que vem sendo realizada no âmbito municipal e estadual.
Belíssima iniciativa! Trabalho no Inep, em Brasília, e gostaria de acompanhar esse importante trabalho que estão realizando. Como faço para entrar em contato com vocês?
Boa tarde João,
Estamos a sua inteira disposição, qualquer coisa pode entrar em contato pelo e-mail: paulinho_rifreitas@hotmail.com. Abraços.
Paulo, achei bem interessante a iniciativa. Não trabalho no INEP como o João (rs), mas tenho grande interesse pela área de educação.
Te adicionei no facebook para acompanhar o trabalho de vocês.
Abraços!