Grupo de organizações lança campanha de financiamento coletivo para a produção de um e-book e um minidocumentário de suporte a docentes
Em resposta às ações do Movimento Escola Sem Partido (ESP), um grupo de entidades composto pela Ação Educativa, Rede Escola Pública e Universidade, Agência Pressenza e QuatroV lançou uma campanha de arrecadação de fundos para produzir um e-book de defesa para professores/as com orientações do que fazer em caso de censura, invasão da sala de aula e circulação de conteúdo difamatório na internet. Além do livro, pretende-se também produzir um minidocumentário com relatos de professores que passaram por essas situações. Todo o material produzido será disponibilizado abertamente na internet.
Para a concretização do projeto, que envolve o levantamento de dados, entrevistas com especialistas e estudos de caso, é previsto um investimento de R$20 mil. A arrecadação será dividida em quatro fases, de R$5 mil cada uma, e a previsão de data para lançamento dos materiais é 9 de junho. Para apoiar o projeto, é possível doar quantias que vão de R$25 a R$4500 e os pagamentos podem ser feitos por boleto ou via cartão de crédito. Aos que colaborarem, são previstas recompensas, como notas de agradecimento nos materiais, convites para lançamentos e participações nas gravações. Clique aqui para saber mais sobre como doar.
“Vivemos um momento de ataque organizado às escolas e universidades públicas com o objetivo de retirar o seu papel no enfrentamento as desigualdades, no enfrentamento ao racismo e na construção da igualdade social no Brasil. Querem retirar da escola seu princípio fundamental, que é a liberdade de ensinar, aprender, divulgar o conhecimento. Além de seu papel fundamental na realização do princípio do pluralismo de concepções pedagógicas no exercício do estudo e das docências”, aponta Salomão Ximenes, integrante da Rede Escola Pública e Universidade, em vídeo de convite a participação da campanha.
O movimento Escola Sem Partido
O movimento Escola Sem Partido (ESP) surgiu em 2004 e, de acordo com o site oficial, trata-se de “uma iniciativa conjunta de estudantes e pais preocupados com o grau de contaminação político-ideológica das escolas brasileiras, em todos os níveis: do ensino básico ao superior”.
“O nome do movimento sugere que a grande preocupação desse movimento é a captura dos alunos por meio do discurso político partidário. Mas não é isso. Se olharmos mais atentamente as legislações estaduais e municipais, toda a preocupação é com a discussão de gênero e orientação sexual”, afirma Deborah Duprat, promotora da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.
+ VEJA TUDO SOBRE A CAMPANHA “PLANOS DE EDUCAÇÃO: IGUALDADE DE GÊNERO SIM! DISCRIMINAÇÃO NÃO!”
Nos últimos anos, o ESP tem ampliado sua visibilidade com a tramitação de projetos de lei em âmbito federal, estadual e municipal. Segundo levantamento realizado pela profª Fernanda Pereira de Moura, desde 2014, 62 projetos de lei (PLs) relacionados ao ESP tramitaram nas casas legislativas do Congresso Nacional e em mais 12 estados e 23 cidades do Brasil. Esses PLs tratam de temas como a proibição das discussão da questão de gênero nas escolas, em materiais didáticos e em normativas educacionais, e do combate à “doutrinação político-partidária” dos professores dentro da sala de aula.
Como forma de defesa, sindicatos, instituições de direitos humanos e coletivos de professores/as têm se organizado de diversas formas. Uma das iniciativas mais conhecidas é a página de facebook Professores Contra o Escola Sem Partido, que atualmente conta com mais de 74 mil seguidores. Diariamente, a página divulga notícias sobre censura a docentes, levantamentos dos andamentos dos PLs e audiências públicas relacionadas à temática. A ONG Ação Educativa também buscou articular-se sobre o tema, lançando uma coletânea de artigos de 20 diferentes autores, entre os quais Denise Carreira, Leonardo Sakamoto e Frei Betto, abordando a ideologia e as formas de ação que norteiam o ESP. Já a produtora QuatroV, ao longo no ano passado, lançou alguns vídeos curtos que viralizaram nas redes sociais, gerando uma avalanche de pedidos de apoio e por professores/as buscando saber como se defender caso em de tentativa de censura.
Saiba mais:
– Quase 60 projetos de lei relacionados ao Escola Sem Partido tramitam em todo o país
– Conselho Nacional de Direitos Humanos aprova resolução que repudia o Escola Sem Partido
– PFDC declara inconstitucional o modelo de notificação extrajudicial que proíbe a discussão de gênero nas escolas
– Defensoria Pública de São Paulo lança caderno sobre igualdade de gênero na escola
– Cartilha do Ministério Público Federal apresenta direitos da população LGBT e como agir em caso de homofobia
Reportagem: Júlia Daher
Infográfico: Stephanie Kim Abe
Edição: Claudia Bandeira
Obrigado, estava msm querendo saber disso